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domingo, 6 de novembro de 2011

“Ao mal não se dá trégua”


Lemos drogas, ouvimos drogas, vestimos drogas, comemos drogas, bebemos drogas, pensamos drogas, falamos drogas... E julgamos...”, Ivan Santtana.

Na próxima semana, em Cachoeiro de Itapemirim, segundo informações oficiais, representantes dos municípios do Sul do Estado discutirão ações integradas sobre a questão das drogas. Esse assunto é bastante complexo e merece o destaque necessário pelo tamanho que o problema tem em todas as esferas de atuação (prevenção, intervenção, recuperação, reintegração, atuação política e repressão ao narcotráfico).

A programação prevê a realização de duas mesas redondas com especialistas que debaterão o incentivo à criação de novos conselhos municipais sobre drogas, a identificação e cadastramento das entidades que atuam na área na região, o estabelecimento de redes de gestores municipais antidrogas e a mobilização na busca de ações coletivas preventivas.

Para começar, antes da hora, qualquer busca por informações e soluções para a batalha contra esse inimigo visivelmente infiltrado em nossa sociedade é válida, mas, convenhamos, temos que mudar radicalmente nossa maneira de pensar e agir quanto às estratégias de combate às drogas. Primeiro porque é preciso ter serenidade e coragem para abordar corretamente o assunto.

“A droga é um mal, ao mal não se dá trégua”, assim disse João Paulo II em 1984. Estamos em 2011 e a sociedade brasileira ainda pensa que toxicômano é somente aquele marginal que faz uso de drogas ilícitas. Um grave erro que os gestores de políticas públicas antidrogas devem corrigir com munição pesada em informação, pra começo de conversa.

Aqui não tem nenhum puritano escrevendo. Muito pelo contrário. Assumo de peito aberto que dependente químico, sem generalizações, quase todo mundo é. Apenas alguns admitem e procuram tratamento.

Para que uma política antidrogas seja mais eficiente, é importante que se invista, também, em estratégias de redução da demanda e de redução de riscos, não se esquecendo das drogas lícitas. É importante ressaltar que a atenção e investimento dado para trabalhos voltados à comunidade, à escola e à área de pesquisa são essenciais.

O preconceito (isso à nível nacional) ainda é grande em relação ao uso de drogas (principalmente das ilícitas) o que interfere, sem dúvida, na prevenção e no tratamento. Como complemento, a maioria da população não considera droga todas as substâncias que, na realidade, possuem um maior consumo (álcool, cigarro, calmantes, remédios para emagrecer e outros).

Exemplo: em relação a investimentos no setor da saúde para tratamento dos dependentes não há nada nas cidades, nos estados, enfim, no Brasil inteiro. Um blecaute total. “O poder público nunca se preparou para essa epidemia de drogas”, dizem os especialistas. Até pouco tempo atrás, a questão das drogas era diferente. Tínhamos, e ainda tem entorpecentes ilícitos, como a cocaína em pó, que atingia principalmente jovens das classes A e B, que tinham condições de comprar e gastar dinheiro a ponto de tornarem-se viciados naquela droga. As famílias gastavam com tratamento em clínicas particulares.

Sem falar na maconha, muito mais presente e que não tem esse componente de vício absoluto como as formas atuais de cocaína. O crack é a cocaína com solventes cada vez mais baratos e sem chegar ao refino. As dificuldades vêm chegando a um estado alarmante porque o crack começou a atingir outras classes sociais, e, convenhamos, agora está incomodando “gente grande”.

O I Seminário de Políticas Públicas sobre Drogas do Sul do Estado será realizado no dia 21 de novembro, no auditório da Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Cachoeiro de Itapemirim (FACCACI), com início às 8h. A iniciativa é do Conselho Municipal de Prevenção e Políticas sobre Drogas (Comsod).

Qualquer que seja o resultado é apenas o começo. Temos que levar em consideração ainda que a velocidade com que as novas drogas aparecem, como o recente pinóxi ou oxi, por exemplo, é bem maior do que as alterações legais e discussões necessárias para o combate corpo-a-corpo. De qualquer maneira devemos utilizar essa “desvantagem” como informação valiosa. Sabendo disso, estamos um passo à frente, pois acredito que quanto mais informação sobre o inimigo melhor para o combatente.

Curtas & Grossas

+ “Sexo, drogas e rock'n'roll, livre-se das drogas e você terá bastante tempo para os outros dois", Steven Tyler.

+ G1: "Em SP drogas são escondidas em notebooks." Eu já sabia disso faz tempo. Se chama Windows”, Danilo Gentili.

+ Querem proibir as drogas vendidas em becos ao invés de proibir primeiro as que vendem em bares, drogarias e supermercados.

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