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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O que é de César não é de Deus


“Mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus". Mt 19:24

Uma verdadeira “guerra santa” é o que está acontecendo atualmente nas duas principais potências midiáticas nacionais. De um lado a Rede Globo e seus colaboradores de outro a Record e os neopentecostais que levantam a bandeira da “Teologia da Prosperidade”. No campo de batalha sempre sobram as balas perdidas e, inevitavelmente, o pobre leitor, expectador ou até mesmo fiel é atingido.Não é possível falar em Teologia da Prosperidade sem mencionar outro fenômeno sociológico muito conhecido no meio de estudiosos, o “Trânsito religioso”. Em outras palavras, nada mais é do que a migração de uma igreja para outra. O crente não se sente satisfeito com uma denominação, ou até mesmo o católico, então pula de galho em galho até se fixar em uma doutrina mais atraente. Neste caso, a Teologia da Prosperidade ganha das outras e de sobra.Quem não quer ter carros importados, morar em apartamentos luxuosos, ter uma conta bancária recheada e ser curado de todas as doenças? Para alguns religiosos, se isso não acontecer é porque a fé é insuficiente, está em pecado ou pior, o próprio capeta está agindo em sua vida. Se fosse assim, Camilo Cola seria então o deputado mais devoto que eu conheço! O que acontece de verdade é que essas novas igrejas investem pesado em mídia, sem falar em campanhas eleitorais, para atrair os fiéis. O forte apelo emocional, sem base na razão, também é um dos fatores que atraem as multidões.Chega a ser cômico, para não dizer trágico, que cerca de 90% das pessoas que frequentam esse tipo de ministério é gente muito pobre, nascido em país pobre, morador de um bairro pobre, localizado numa periferia paupérrima. Neste caso estariam fora da vontade de Deus? “Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Não foi essa a resposta do próprio Jesus quando respondeu ao grupo de fariseus e herodianos olhando o que ele achava sobre pagamento de tributos ao Império Romano? Nada mais, nada menos. A cada um o seu. Sobre a permanência durante anos da “Teologia da Prosperidade” na mídia, certa vez o professor de Teologia, Maurício Abreu de Carvalho disse: “As bênçãos mirabolantes não vieram porque Deus nunca as prometeu, e Deus não pode ser manipulado. O sucesso e a riqueza que, porventura, vieram foram mais fruto de manobras espertalhonas, para dizer o mínimo, do que resultado de fé”.

* Roney Moraes é jornalista, bacharel em Teologia e mestrando em Ciências da Religião.

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