.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um minuto de silêncio é muito pouco


“Aqueles que amamos não morrem partem antes de nós”.

Triste e lamentável o massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. Apesar do crescimento da violência nas escolas em todo o país, não há notícia de que algo semelhante tenha acontecido no Brasil. Sem dúvida foi um ato fora do comum proveniente de uma pessoa com sérios distúrbios mentais.
O que dizer ou deixar para as famílias que perderam suas crianças? Um minuto de silêncio é muito pouco para lembrar do banho de sangue no colégio e do pânico em que alunos, pais e professores sofreram nesta quinta-feira fatídica.
Chamou minha atenção, no episódio, além da sensação de impotência e de muita angústia, a carta deixada pelo assassino com ideias desconectas e de fundamento religioso.
Quem era esse assassino do Realengo? Por que ele fez o que fez? A carta demonstra que ele tinha um pensamento delirante. Até o conteúdo religioso não é comum ao dia a dia do brasileiro. Os pedidos para banhar seu corpo, utilizar lençol branco, pessoas “impuras” não podiam tocá-lo me parecem mais enraizados na cultura oriental misturada ao ensinamento cristão da ressurreição. Sem dúvida, uma mistura esquizofrênica de simbolismos sagrados.
Wellington Menezes, pelo que entendi na carta, era psicótico. Não fazia distinção da realidade. E para o azar das crianças, segundo vizinhos, ele teria sido alvo de bullying, ou seja, teria sofrido atos de violência física ou psicológica na época em que estudava na mesma escola e talvez, por isso se “vingou” com o massacre. Nesse caso, poderíamos encontrar semelhança em episódios nos Estados Unidos, país onde com freqüência se tem notícia de atos considerados monstruosos como este que chocou a nação logo no café da manhã.
Não podemos permitir que acontecimentos extremos como o de Realengo se repitam. É necessário um profundo questionamento sobre o que realmente levou um jovem de 23 anos a cometer tamanha crueldade se baseando em uma crença, que, neste primeiro momento, me parece fanática e fundamentalista.
É hora dos pensadores deixarem de lado divergências conceituais e se unirem para cortar o mal pela raiz. Autoridades públicas, psicanalistas, filósofos, religiosos, educadores, todos engajados para uma solução a curtíssimo prazo.
Antes isso do que num futuro próximo lamentarmos com mais freqüência massacres em outras comunidades. Para isso é necessário iniciativa. A Igreja já se manifestou sobre o caso.
O arcebispo da arquidiocese do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, divulgou nota lamentando o atentado na capital fluminense. Também a presidenta Dilma se emocionou ao comentar os assassinatos dos “brasileirinhos”.
Então termino com o que o arcebispo do Rio de Janeiro disse. Segundo ele, o atentado “feriu não só aqueles que foram atingidos, mas também a todos os cariocas”, e, completo, incluído neste mesmo sentimento todos os brasileiros.

domingo, 3 de abril de 2011

Só pode ter formiga atômica dentro da calça


Uma formiguinha me contou que um deputadaço apresentou um projeto de lei que proíbe a construção de usinas nucleares em solo capixaba. Que pena. E eu que estava com uma vontade bombástica de me filiar no PRONA agora desisti de vez. Dizem que um técnico gabaritado de Springfield estava a caminho, mas, por incrível que pareça, desistiu da empreitada. Sua esposa de cabelo azul laqueado e seus três filhos pesaram na balança. Foxda-se!
Bem, o local exato para a construção da usina seria, sem dúvida nenhuma, o litoral sul, Marataízes, Itapemirim ou Kennedy. Pensem bem. As vantagens seriam enormes.
A energia nuclear não contribui para o efeito de estufa; não polui o ar com gases de enxofre, nitrogênio, particulados, etc.; não utiliza grandes áreas de terreno: a central requer pequenos espaços para sua instalação; não depende da sazonalidade climática (nem das chuvas, nem dos ventos); pouco ou quase nenhum impacto sobre a biosfera; grande disponibilidade de combustível; é a fonte mais concentrada de geração de energia, a quantidade de resíduos radioativos gerados é extremamente pequena e compacta; a tecnologia do processo é bastante conhecida.
Além disso, o risco de transporte do combustível é significativamente menor quando comparado ao gás e ao óleo das termoelétricas e não necessita de armazenamento da energia produzida em baterias. Não seria legal? Mais emprego, mais renda, mais royalties e menos poluição. Uma propaganda radiante esta.
Imaginem quem viria comandar a usina nuclear? Que japonês que nada! Made in Taiwan... O problema é se uma marolinha atingir as instalações... A coisa complica. Ainda mais uma marola maratimba cheia de detritos, e coisas que não se dizem no café da manhã.
Outra informação divulgada no formigueiro atômico da Assembléia Legislativa é de que o mesmo deputado quer acabar com a famosa “volta do caixão” no Rio Itapemirim de Cachoeiro. Ora, para ele isso é como tirar pirulito de criança ou voto de analfabeto funcional. Basta encontrar o cajado de Moisés, bater com ele na margem do rio, e pronto. Tá feito o milagre.
O problema é que quando começam a fazer coisas mirabolantes não conseguem parar. Primeiro foi o Mijódromo, quer dizer, a Torre que fabricava chuva (sic). Lembram? Passou até no Jô Soares. Ainda bem que naquela época não existia Kibe Loco, Jacaré Banguela, Stand up... Mas o extinto site Cachoeiro Post registrou a façanha com muito humor e sarcasmo.
Como no título, parece que uma formiguinha atômica fica cutucando dentro da cueca até surgir outra ideia dantesca. Quem sabe salgar o rio não seria outro projeto arrojado? Para que ir à praia se o mar pode estar à beira rio? O problema será no fim do ano. Em vez de enchente teremos tsunami.