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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O carnaval rebola, logo existe!



“As maiores almas são tanto capazes dos maiores vícios como das maiores virtudes”, René Descartes.

Pensemos na existência. A imaginação sem simbolização. Como diz o texto lúcido da terapeuta Ana Suy Sesarino: “carnaval é tempo de barulho externo, e mudez interna”. Concordo! Porém, há espaço para arquétipos. Os heróis são representados na avenida e o simbolismo aparece somente neste instante social. No aspecto peculiar da singularidade, não há mesmo possibilidade de simbolização.

Mesmo assim, por meio da imagem e do imaginário alegórico, ele, o Carnaval, existe. A criação do que está no imaginário, as alegorias, fazem a imaginação partir para a realidade. “Há algo mais real do que uma fantasia?”, questiona Ana em seu texto.

Desta vez percebi algo de diferente nos desfiles. Quando dizem que no Brasil é carnaval o ano inteiro entendo que os críticos utilizam desta mínima para expressar um ambiente nacional de baderna como uma total ausência do superego por um curto período de tempo, onde os impulsos mais animalescos do id sobrepõem-se no comportamento dos foliões. Tudo bem, a alienação e “franga solta” vemos ainda na maioria dos blocos, desfiles e seguidores de trios elétricos, mas também há aqueles que aproveitam a “farra” para manifestarem suas inquietações coletivas ou individuais.     

Mesmo para os mais irredutíveis e sem entusiasmo não adianta ser pessimista. O Carnaval, além de ser uma festa cultural estável, é cíclico. Ou seja, sempre vai existir. Isso, por si só, prova sua existência. Então é melhor seguir o conselho do psicanalista e escritor Sérgio Telles e se perguntar “mudaria o carnaval ou mudo eu?”. A resposta... Tão óbvia e ululante quanto Nelson Rodrigues.

O cuidado com esse “Big Bang” da imaginação é que após o turbilhão de impulsos reprimidos durante todo ano pode ocasionar um sentimento de culpa, principalmente durante os meses posteriores à folia.  Quarta-feira de Cinzas e a quaresma, para quem acredita que “saiu da linha”, são períodos de sacrifício e penitência, exatamente quem abusa do álcool.

Insisto na existência da imaginação carnavalesca (cogito, ergo sum). Por isso recorro ao pensamento cartesiano. O carnaval baiano existe, pois, se ele rebola, logo existe. Se para o cantor Belchior “o compositor baiano dizia que tudo era lindo, maravilhoso”, outro compositor soteropolitano, Paulo Costa Lima, define o rebolado como condição do sujeito. “Significa literalmente girar sobre si próprio. Re-bola, bola duas vezes: jogo de cintura, se quiserem”.  

Por isso concluo concordando com o compositor baiano. Ele diz que “o sujeito é um movimento e o desejo do carnaval é o desejo de aceleração desse movimento, uma aceleração que caminha contra a ordem das coisas, que invoca uma espécie de mergulho na dissolução. Há, portanto, uma espécie de revolta no carnaval, uma recusa a ficar quieto, instalado e satisfeito, mas é uma revolta pela alegria”.
Enfim, tem que existir para se revoltar, rebolar, fantasiar, pulsar, perdoar e ser perdoado.


*Adaptado do original “Imagine... Só!” publicado no livro “Sem Mais Palavras”, lançado em 2012, pela Editora ES de Fato, em Cachoeiro de Itapemirim-ES.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Meus heróis morreram (de overdose)


Meus heróis morreram (de overdose)


“Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador”, Confúcio.

Como construir uma reflexão isenta sobre o que nos atormenta? Torna-se passional qualquer opinião baseada numa “facada nas costas”. As eleições estão chegando e os arremessadores miram, sem dó nem piedade, em nossas fraquezas, anseios, aspirações... Por isso acreditamos nos “salvadores da pátria de chuteiras”, que, como o Chapolin Colorado, surgem do nada e nada resolvem também.

Suas armas (as facas) são promessas com dois gumes. Um lado é a palavra e o outro a ação (que me parece sempre estar enferrujado). Só tem um fio nessa meada. Aliás, dois é um número interessante. A “Liga da Justiça” sempre aparece inteira no biênio para acabar com os vilões que comprometem a segurança, educação, saúde e assistência social. Sim, os “bandidos” são previsíveis. Atacam sempre a mesma coisa.

Já chega. Meus heróis morreram ou, se depender do poder público, vão morrer de overdose. Os inimigos (da segurança, educação, saúde e assistência social, como já disse) são os que estão no poder. Se não, são aliados aos malfeitores, mutantes e alienígenas.  Funcionários públicos metade humano e morcego (favor não confundir com o Batman). Uns são mais robustos e podem transformar-se em antas (o maior mamífero das Américas).

Vou dar um exemplo claro, apesar de não ver um cisco de luz no fim desse túnel: um alienígena (só pode) abduziu toda a documentação da Associação de Apoio Terapêutico Reviver (AATR) dentro da Prefeitura Municipal de Mimoso do Sul. São supervilões. Têm o poder obscuro do teletransporte de objetos alheiros e importantes.

Aliados à “burrocracia”, estes maus elementos possuem uma arma destruidora, o gavetão. Parece que produz algum tipo de buraco negro misturado com bomba H, pois é na hora mais tênue que a improbidade acontece.

Pela segunda vez (olha que em mandatos e prefeitos diferentes) a documentação da Casa Reviver desaparece nos "gavetões" da administração quando ela está prestes a receber recurso para compra e, com isso, melhoria do sítio sede da unidade de tratamento e recuperação de dependentes químicos.
Parece que nossos “heróis” não querem salvar as pessoas. É melhor do jeito que está. Assim, não vai faltar promessa para próxima campanha.

Claro que a incompetência cai no colo do gestor, afinal quem nomeou o "morcego" que não sabe e não viu ou a "anta" que "engoliu" a papelada como se fosse leite (porque deve estar no cargo público só para mamar) foram os prefeitos. Os dois. O de antes e a de agora. Em Mimoso é assim. O povo tem sempre duas opções no pleito (ia dizer peito, mas seria pejorativo e daria a conotação de mamata): seis ou meia dúzia.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Psicanalistas nomeiam diretoria da Apees



A Associação dos Psicanalistas do Estado do Espírito Santo (Apees), em reunião, dia 03 de julho, com início às 19h30, realizada na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde do Sul do Estado (Sitesci), nomeou sua diretoria e ainda criou núcleo de estudos que vai debater temas a serem levados no seminário de psicanálise, para o público em geral, no mês de outubro deste ano.

Foram nomeados para os cargos de: Diretor Geral – Roney Argeu Moraes; Diretor Financeiro – Carlos Roberto Damasceno; Diretor Jurídico – José Gomes da Silva Neto; Diretora de Comunicação – Adriana da Silva Sampaio; Diretora de secretaria – Clauselídia Martins; Diretora de Formação – Cilanilda Vieira Paschoal; Diretora de Patrimônio – Micheline Pitanga; Diretora Estudantil – Mara Tosato; Diretora do Núcleo de Estudos – Vanessa Tirello e Diretor de Assuntos e Suportes Gerais – Antônio Carlos Garcia Marques.

Além da diretoria eleita, na última reunião, estiveram presentes vários profissionais que participaram, com entusiasmo, do encontro dos psicanalistas que acontece sempre na primeira quarta-feira do mês. Outra questão debatida foi a formação permanente dos membros e também a criação, com entidades parceiras e pela própria Apees, de cursos de extensão, capacitação e formação para o público em geral.

De acordo com o diretor geral da Apees, Roney Argeu Moraes, os primeiros passos foram dados. O Núcleo de Estudos já vai debater, no dia 24 de julho, o tema “Inconsciente Coletivo” e todos que participaram das duas últimas reuniões estão convidados.

“Nos formamos em várias instituições e este convívio com troca de experiências é muito importante. A Associação tem a finalidade de capacitar, promover o encontro, resguardar, bem como lutar pelos direitos de atuação, promoção e diferenciação da psicanálise”, disse.

Para o diretor da Apees, há uma dificuldade do público leigo em diferenciar os profissionais psi. A princípio, mesmo que outros utilizem teoricamente o termo, o psicanalista é o único terapeuta que trabalha considerando a presença e ação do Inconsciente. E para fazer um curso de formação, na maioria das escolas, bem como ser membro Pesquisador ou Docente da Associação, o candidato tem que ter nível superior, além da formação em Psicanálise, que dura cerca de dois anos.

“Independente da escola psicanalítica primamos por filiar profissionais atuantes e estudantes que, para a sua formação, cumpriram todos os requisitos, com cursos teóricos, supervisão de casos e a análise pessoal”, disse. 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Só não vale xingar a mãe



"As revoluções são as festas dos oprimidos e explorados", Lenin.


Não acredito em manifestação sem liderança e com propósitos particulares... Cada um quer uma coisa diferente. Eu quero acabar com a música sertaneja. Já fiz o meu cartaz. Também quero café com açúcar. Esse negócio de adoçante me tira do sério.

Pode dizer o que quiser. Só não vale xingar a mãe. Aí vira pessoal e peço proteção policial à tropa de choque ou uma liminar tucana para tentar impedir a baderna organizada via internet. É a revolução tecnológica. Pode isso, Ronaldo? Pergunta Gavião Bueno ao Fenômeno barrigudo que prefere estádios luxuosos a hospitais de qualidade para a população que nunca bateu uma bolinha no Barcelona.

Outra coisa estranha é que geralmente filho feio não tem pai e os protestos estão tentando ser adotados de todas as formas ilegais por vários políticos. Querem é vender os órgãos e as concessões públicas depois da criança pronta. A foda virtual foi boa e nove meses depois vêm quatro ou sete partidos da puta que os pariu para o teste de DNA. Não adianta. O rebento é rebelde. Não tem pai, mãe, partido, ideologia, nada. Apenas pernas.

A mamadeira não custa vinte centavos. Quem ainda mama é o acordo pré-nupcial inescrupuloso entre executivo e legislativo, mas ninguém quer pagar a conta do leite. A vaca que vá para o Brejo Grande do Norte, porque do Sul não cabe mais cana de açúcar da Usina Paineiras.

Na verdade, como diz o grande fugitivo e cantor Belchior, “eu não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais, nem em tinta pro meu rosto ou oba oba, ou melodia, para acompanhar bocejos... Sonhos matinais...”.

Lembro do sonho de um velho porco de criar um local governado por animais. Em “A revolução dos bichos”, de George Orwell, descobrimos que uns animais são mais iguais do que os outros. E, por isso, todo cuidado é pouco para que a “festa” seja de gala para o povo e pelo povo. 

sábado, 21 de julho de 2012

Quem é dono da verdade?



“O juízo de valor que elaboramos determinam nossa ações, e sobre sua realidade descansa nossa saúde mental e nossa felicidade”, Erick Fromm.


Quem disser que é dono da verdade ou foi enganado por um vendedor de boa lábia ou está mentindo. Provavelmente a segunda opção seja a mais provável. Uma verdade pronta e acabada é a negação da aprendizagem. Portanto, os pais e educadores não devem ir contra as ideias dos alunos, mesmo que essas pareçam, em primeira instância, incoerentes. O papel do professor, além de ser um agente de transformação, é, antes de tudo, de compreensão. Sem esse conhecimento, ele pode causar o desinteresse no aprendizado dos discentes e daí para frente criar um sujeito sem predicados.
Muitos leitores me perguntaram com referência ao artigo “Sobre a psicanálise na escola”, o que fazer, de acordo com o novo ambiente hostil, principalmente nas periferias e unidades públicas de ensino. Não há receita pronta e acabada. O que podemos é refletir junto essa questão. A escola tem que aprender a superar seus problemas sem distinção de poder. Corpo discente e docente tem que respeitar o processo de descobertas de suas “verdades”. Não dar respostas prontas. Fazer pensar é um ato de libertação. Um aprende com o outro.
Para as crianças e adolescentes a rebeldia, vandalismo, ou até a violência com objetivo de se impor num determinado grupo é uma forma de “liberdade”. Talvez da opressão em sua vida extraclasse. Quando esse indivíduo, que já é oprimido chega à escola desconta nos colegas e é novamente “violentado” com palavras pelo próprio educador. Este, o vândalo, sofre duas vezes, e pior, as palavras doem mais do que bofetadas.    
Friedrich Nietzsche, em 'Para Além de Bem e Mal' diz que “há, na verdade, qualquer coisa rebelde a toda a instrução, um granito de fatum espiritual, de decisões predestinadas e de resposta a perguntas escolhidas e pré-formuladas”.
A maior rebeldia que se pode esperar de um aluno é a falsidade. Ou o “bom moço (a)”. Aquele que fica quieto, sem participação. Que passa quase despercebido. Esse é preocupante. Qual será a realidade dele? Em que mundo ele está? Na sala de aula que não é.
Quem pode explicar a dor e o sofrimento? Cada aluno é um ser singular com seus próprios dilemas. Não adianta executar um “castigo” coletivo. Isso, talvez, só serviria para corrigir um dentre tantos outros que têm inúmeros problemas no âmbito social, econômico, cultural diferente dos demais. Também o professor tem suas neuroses. Até mais angustiantes do que a de uma turma inteira. Então o que fazer?
É preciso ter o desejo de libertação. Livrar-se da alienação. O medo da consciência crítica sobre a realidade de si e da sociedade provoca essa prisão e, consequentemente, surgem os escapismos. É mais cômodo tomar medicamentos, abusar de drogas, e deixar a situação como está do que enfrentá-la superando assim o sofrimento emocional.
Há uma falsa interpretação da realidade comumente disseminada no meio acadêmico. “A minha realidade não pode ser mudada”. A dialética subjetiva do educador busca o domínio de suas emoções, que o boicotam, oprimem e alienam o seu Ser. Quando ele critica a violência, sem embasamento ou conhecimento da singularidade dos afetados diretamente com a agressão física, ele, o professor, pratica contra si a violência psicológica.  
O sofrimento do ensino público vem de longa data. A desumanização e a negligência das autoridades públicas provocam outra questão que está inserida no contexto político educacional: como humanizar-se numa sociedade violenta e corrupta? A resposta é estar consciente da busca pela justiça, mesmo que pareça uma utopia.
Voltando aos alunos, a valorização da subjetividade é a chave. A imaginação facilita o processo de humanização. De tornar uma situação dolorosa mais tranquila, por meio de uma brincadeira, de uma piada. Claro, sem esquecer a realidade, a objetividade. Essas que são as duas realidades no ambiente escolar (subjetiva e objetiva).
Os conteúdos concretos também podem ajudar a compreender o seu dilema pessoal, mas, a vocação do ser humano é, sem dúvida, subjetiva. Ela está voltada para o diálogo, esperança, humildade, simpatia e para o amor. Na minha humilde opinião.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sobre a psicanálise na escola


 

“Quando o sujeito depara com a fantasia que sustenta sua neurose, é como se dissesse: ‘Nossa, era só isso? Eu estava sofrendo há tanto tempo só por causa disso?’, Maria Rita Kehl. 

por Roney Moraes

Inserir a Psicanálise na educação é uma questão que já deveria ser debatida pelos gestores há muito tempo. Num momento conturbado, em que os valores são invertidos (alunos com total descontrole sobre as ordens dos educadores) e professores cada vez mais com medo de algumas ameaças juvenis e paternas, nesse contexto a teoria psicanalítica pode ajudar a melhorar o ambiente educacional.
Sabemos que a liberdade sexual está cada vez mais presente nos jovens. Freud já defendia que as crianças devem receber uma educação sexual assim que demonstrar um interesse sobre tal assunto. Mas, o terapeuta disse que a psicanálise não pode fazer o papel da educação e não pode ser considerada salvação para todos os problemas educacionais, mas pode auxiliar em um maior conhecimento do funcionamento mental e inconsciente dos sujeitos envolvidos.
A resistência dos pais e pedagogos quanto ao assunto apenas compromete o desenvolvimento saudável do indivíduo, que está na escola para aprender e, muitas vezes, é mais avançado e “atirado”, devido às tecnologias, do que os próprios professores. A nova geração tem um verdadeiro bombardeio de informações com a internet que jamais aconteceu na história.
Diante de tal situação, ou seja, tentar educar as crianças com certos mitos que reprimem ainda mais o interesse sobre a sexualidade infantil só causa dano e mais desejo pelo proibido.
Mas, é válido ressaltar que no momento em que os educadores ou os pais passam a lidar com esse tipo de situação diante de uma criança, fica muito difícil saber concretizar tal aprendizado, uma vez que, por não lembrarem de sua época de infância, logo, fica praticamente impossível visualizar as verdadeiras duvidas que a criança realmente tem.
Nesse contexto, qualquer explicação que o educador proporcionar a uma criança, não terá validade, já que, muito do que fora explicado, nada iria servir para a mentalidade infantil ou juvenil se o seu inconsciente não vai se satisfazer com tais explicações.
Justamente por isso que o próprio inconsciente do aluno irá gerar as suas próprias explicações sobre a sexualidade.
Nessa perspectiva, os professores devem abordar o seu conhecimento, sem resumir-se a métodos pedagógicos, pois tais métodos trilham objetivos, resultados e metodologias, uniformizando assim o aprendizado e não respeitam as estruturas inconscientes do subjetivismo.
O professor deve lidar com uma sala de aula, negando todo o seu papel repressor imposto culturalmente e aceitar que cada aluno irá digerir o conhecimento proporcionado por ele de uma maneira singular, ou seja, o aluno só irá aprender o que lhe fazer realmente sentido, tendo em vista as suas necessidades psicológicas.
Enfim, o profissional da educação deve ser menos repressor e aceitar que, ao atuar em uma sala de aula, ele vai estar diante de diferentes subjetividades, logo os seus resultados esperados não serão de maneira alguma uniformizados.

Ocupar-se de atividades intelectuais
Walace Mello, professor de filosofia e história, diz que o papel de um professor conhecedor da psicanálise e da filosofia é de orientar os seus alunos a se ocuparem em atividades intelectuais, estimulando assim, o próprio processo de sublimação.
Concordo, porém o acompanhamento de um profissional da psicanálise no ambiente escolar pode ajudar, e muito, na construção do indivíduo, que repele a “opressão” pedagógica e por isso impõe-se como pode. Em muitos casos com a violência, uma vez que ainda não está pronto para argumentar e não conhece outra forma de liberar seus desejos.
A psicanálise é uma teoria a ser aplicadas sobre o real. Essa grande teoria que atravessou o século 20 e não perdeu a atualidade no século 21 é, antes de tudo, método de investigação sustentado por alguns pressupostos teóricos. Não pode ser tomada como dogmas. Ajuda-nos a observar, entender e operar sobre o mundo à nossa volta.
Por isso, nem só para os alunos a psicanálise seria útil na escola. A teoria psicanalítica também pode ser aproveitada pelos educadores que passam por situações estressantes na maior parte do ano letivo. Eles também teriam no profissional um apoio psicológico para tratar de suas neuroses causadas no ambiente escolar.  A psicanálise pode ajudar a descobrir um jeito de relacionamento entre professor x aluno, favorecendo a aprendizagem e o desejo de aprender.

Transformações na prática pedagógica
A prática pedagógica pode ser transformada com as contribuições da psicanálise à medida que o professor, pelo menos, possa abrir um espaço de escuta do desejo do aluno e considere que sua atividade intelectual depende da sublimação e da identificação que aquele faz com o professor que tem papel fundamental em despertar o desejo.
            Portanto a psicanálise pode contribuir para possíveis transformações pedagógicas sim, pois através dela podemos conhecer a individualidade psíquica de cada aluno; reconhecer o que passa em sua mente através de pequenas observações de gestos que deixam transparecer; dar-lhe amor e ser autoridade ao mesmo tempo, ser conhecedor de convicções aceitas e compartilhadas culturalmente para daí sim, passar a ser mediador entre o aluno e o conhecimento.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sem mais palavras...



 “As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo”, Epicuro.

por Roney Moraes*

            Há 73 anos, em 29 de junho de 1939, Newton Braga publicou na revista Cachoeiro de Itapemirim o poema que reuniu o espírito cachoeirense sobre o amor e bairrismo à cidade. Inicio meu texto com a ousadia de citar um trecho de ‘Haverá outras assim...’,“(...)Bonita? Não. Talvez mesmo feia; pesa-me confessa-lo. Há morro, para todo o lado que se olhe: assim o horizonte é curto (embora certos crepúsculos bem merecem um olhar embevecido). Entre os morros, fazendo curvas, vem um rio que tem personalidade. Tem. Por quê? Não saberia explicar. É dessas coisas que a gente sente e não acha jeito de explicar bem”.
            A Festa de Cachoeiro causa isso nas pessoas. Mesmo com as não nascidas na cidade. Algumas são agraciadas com o título de cidadã cachoeirense. Acredito que a maioria dos “imigrantes” gostaria de uma honraria desse calibre, afinal, não é qualquer um que é de Cachoeiro.
            Ser ou estar nesta cidade é para quem tem personalidade como à do Rio Itapemirim. Salvem aqueles que a escolheram para viver. Isso é muito natural. Afinal, não há explicação para tanta gente bonita, amiga e trabalhadora como a nossa. Viver Cachoeiro não significa morar na cidade e para isso existe o exemplo do Cachoeirense Ausente, que vive, respira e divulga as peculiaridades do município em outros ares. Vide Sergio Garschagen, o ausente de 2012, mais presente que conheço.
            Como diz um amigo (Joaquim Neiva) “sem mais palavras” é o título que escolhi para este texto por Cachoeiro emudecer-me de tanta alegria. Tive um ano difícil... 2011 não foi uma maravilha. Alguns chamariam de impossível passar por meses de tratamento. Poucos não acreditaram, mas, no meio do caminho encontrei pessoas que dão a vida pelo que fazem e, por isso, não perdi a oportunidade de me tornar amigo delas (todas da Casa Reviver em Mimoso do Sul).  
            Os muitos amigos que tenho aqui na “Atenas Capixaba” me abraçaram quando voltei com a satisfação de quem vê um irmão retornando de longe. Então me senti um pouco ausente, e, agora, presente tenho uma dívida pessoal e moral com meus amigos e com a sociedade, e sempre com a minha cidade.
            Bastou voltar para o vale dos morros que encontrei meu horizonte. Confesso, não é fácil, mas, de pé, ergo-me com a personalidade do Rio Itapemirim e sigo em frente a cada dia... “Conhecendo novas manhas e as manhãs...” .
            Por tudo isso. Por Deus, pela minha família, pela homenagem recebida na Sessão Solene da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim. Pela Academia Cachoeirense de Letras (ACL) e por todos os amigos que esperaram minha volta e pelos novos que fiz durante a caminha da sobriedade, desta vez, não vou me conter: muito obrigado! E... Sem mais palavras. Por enquanto. 

Curtíssimas

+ Recepção na casa de Marilene Depes ao Cachoeirese Ausente N° 1, Sergio Garschagen, foi o máximo!
+ “Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem”, Sócrates.
+ “A Psicanálise é a medicina da alma do nosso século”, Fernanda Tomaz.
+ Encontro com amigos na Sessão Solene foi demais. Embalado ao som da banda D14.
+ “Quem sabe, muitas vezes não diz. E quem diz muitas vezes não sabe”, Máxima do jornalismo investigativo.
+ “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”, Immanuel Kant.

* Psicanalista, jornalista e professor.